Pyra - O Portador do Fogo

Pyra - O Portador do Fogo

Pyra - O Portador do Fogo é a obra que da inicio a meu próprio universo de super herói, inspirado no folclore e lendas do meu país Brasil, é muito emocionante para mim poder fazer essa homenagem a minha própria cultura, é um historia de super herói, é a primeira vez que tento fazer algo no gênero e é ótimo a liberdade que posso ter para criar essas histórias, estou muito animado e feliz com esse projeto.

CAPITULO 1

No Brasil por volta do século XV, um homem indígena fez um acordo com o deus da morte Anhangá, ele buscava conhecimento e poder, mas com isso ele condenou a própria linhagem, em troca de suas dádivas todos de sua família foram condenados a um destino cruel. Conforme passaram as gerações, cada membro da família deste homem morreu de uma forma dolorosa, e aqueles que se envolviam com a família também tinham suas almas oferecidas ao deus da morte.

No ano de 1503 uma mulher grávida tinha acabado de perder seu marido, ele foi vítima de uma doença misteriosa, no qual nenhum deles ainda tinham conhecimento e tecnologia para combater, mas a mulher sabia qual era a causa daquela tragédia, a morte de seu marido era só a consequência da condenação jogada em sua família, pois ela era descendente do homem que fez o acordo com o deus da morte

-Meu marido se foi, eu preciso sair daqui antes que alguém suspeite da maldição... - Disse a mulher, desolada, planejando fugir de sua própria tribo. - Espero que minha criança não sofra o mesmo destino.

Ela fugiu de sua tribo e vagou por incansáveis dias, seus pés doíam muito, mas ela não podia parar e seguiu andando. Em seu caminho encontrou uma pequena tribo guarani, podia ser seu refúgio, e se esforçou para chegar até lá, mas acabou caindo no chão de tanto cansaço, assustando as pessoas.

-Não acredito!! - Disse uma mulher assustada.

-Temos que ajudá-la, vamos!!!

A mulher foi acolhida pelas pessoas da tribo, que se preocuparam com seu estado físico. As notícias chegaram até o Tamõi da tribo, que era o homem mais sábio e velho e tinha o papel de líder, ele avistou a mulher e chegou até ela.

-Olá linda flor perdida, sou o Tamõi dessa tribo, qual seria seu nome?

-O meu nome... É Arami... - Respondeu a mulher se levantando.

O tempo passou e Arami passou a viver nesta pequena tribo, já fazia parte dela e tinha muitos amigos e amigas. 8 meses depois chegou o dia de seu filho nascer, a criança já não chutava a semanas, Arami temia que nasceria morto.

-Não sinto nenhum sinal de vida em meu ventre, isso não pode estar acontecendo!!! - Pensava ela no meio do trabalho de parto.

Enquanto as anciãs  da tribo ajudavam ela, Arami invocou uma antiga reza ao deus da morte Anhangá, ela revirou seus olhos, saia sangue de seu nariz, raios e trovões começaram a ecoar pelo céu, mesmo não tendo chuva.

-O que é isso!?!

-O que ela está dizendo!?!?

-Parece estar possuída!!! - Diziam as anciãs assustadas.

Em sua mente, Arami se encontrou com Anhangá em seus aposentos, e fez reverência se ajoelhando perante sua grandeza.

-O que lhe traz aqui? - Perguntou Anhangá, com sua voz estridente e grave.

-Anhangá, meu filho vai nascer morto, porque você vai pegá-lo antes dele conhecer a vida? - Disse Arami.

-Eu já cansei de brincar com vocês, as almas de todos de sua família já serviram seu propósito na existência, então não vejo necessidade de haver mais ninguém de sua linhagem. - Respondeu o deus da morte.

-Mas por favor eu imploro, salve a vida do meu filho, ele não merece pagar pelos erros da minha família, eu faço qualquer coisa para manter ele vivo, se quiser leve minha alma no lugar dele!! - Disse Arami desesperada.

Anhangá começa a pensar, e um sorriso sarcástico surge em seu rosto.

-Tudo bem, eu aceito sua proposta. - Ele parecia estar tramando algo.

A ilusão de Arami se desfaz, e ela volta à tribo, Arami começa a cuspir muito sangue durante o parto, Tamõi vai ver pessoalmente.

-O que está havendo? - Perguntou ele assustado.

-Tamõi, ela estava rezando para morte!! - Disse uma parteira.

-Como assim?

Mas antes que respondesse, o bebê nasce, mas estava desacordado, não se mexia e nem chorava, mas no momento em que Arami deu seu último suspiro e fechou os olhos, o Bebe abriu seus olhos pela primeira vez e chorou ao dar seu primeiro suspiro.

-Não é possível, ela morreu!! - Disse a anciã com Arami morta em seus braços.

-Nunca vi algo assim! - Disse outra anciã assustada.

-Me dê a criança, quero ver ele! - Exigiu Tamõi.

Ele segura o bebe no colo, era um menino, e chorava muito, mas com certeza estava vivo e saudável.

-O bebê está bem, que alívio... - Disse ele.

Tamõi corta o cordão umbilical da criança, que continuava chorando muito.

-Ele parece bem forte. - Disse Tamõi.

-Tamõi, o que iremos fazer com essa criança? Seu nascimento tirou a vida da propria mãe, isso é um mal presságio. - Disse uma parteira.

-Não diga isso, essa criança não tem culpa de nada, eu mesmo vou cuidar do garoto. - Disse Tamõi.

No lado de fora, todos da aldeia observavam a cabana com curiosidade querendo saber o que estava acontecendo.

-Olha, parece que uma criança amaldiçoada nasceu. - Disse uma pessoa.

-E ele matou a própria mãe, isso vai trazer desgraça para nossa Tekoha. - Disse outra pessoa.

Mas quando Tamõi saiu segurando o bebê todos imediatamente pararam de falar.

-Não tem nada para vocês verem aqui, vão embora!! - Disse Tamõi.

Todos seguem as ordens, e Tamõi volta andando a seus aposentos, assim nasceu uma criança que mal sabia o destino complicado que o aguardava. No mundo dos mortos, a alma de Arami chega até Anhangá.

-Anhangá, muito obrigada por ter tido piedade com meu filho, agora ele vai poder viver, e com a minha morte nossas almas não serão mais oferecidas a você. - Agradeceu Arami.

-Piedade? - Respondeu Anhangá com um sorriso.

Em seguida ele segura Arami com sua mão gigante, e aproxima ela de seu rosto.

-O que está fazendo!?! - Gritou ela assustada.

-Assim como seus familiares, sua alma será consumida por mim.

E então Anhangá devora ela, os gritos de sua alma ecoam pelo interior de Anhangá, até não serem mais ouvidos na escuridão do vazio.

-Obrigado, toda vez que devoro uma alma me sinto ainda mais forte, mulher tola, achou mesmo que o acordo iria acabar com seu sacrifício, quando a criança crescer eu irei atras dele também. - Disse Anhangá.

CAPITULO 2

Quando a criança completou 1 ano de vida chegou o momento da realização do ritual Nhemongarai, esse ritual era feito para escolher o nome da criança, mas para ele ser realizado era essencial a presença dos pais, e infelizmente o menino era órfão, então Tamõi fez o ritual sozinho, como se fosse o único parente da criança.

Tudo já estava preparado no Opy, a casa sagrada, e o ritual começou no fim da tarde, as pessoas cantavam como de costume nos rituais, mas alguns ainda com receio do garoto, Tamõi fuma o cachimbo cerimonial, e sopra a fumaça sagrada Petynguá na cabeça da criança, após isso Tamõi entra em transe, ele vê uma escuridão, mas dessa escuridão um forte brilho de fogo surge, iluminando todos os seus pensamentos, era lindo, e esse era o espírito nome do garoto.

-Seu nome será Kuaray Mimbi, o pequeno sol, que irá brilhar como o fogo, trazendo vida e esperança para o mundo. - Disse Tamõi, o nome também era dado para definir o modo de viver da criança, eles chamavam isso de teko.

O tempo passou e Kuaray cresceu, já tinha 10 anos de idade, era um menino muito curioso. Um dia, ele estava no Opy com Tamõi, tirando suas dúvidas sobre o mundo.

-Tamõi, eu tenho uma pergunta para te fazer.

-Diga Kuaray.

-Porque o céu é azul? - Perguntou Kuaray.

-Antes só existia escuridão, e então Tupã com seus raios e trovões afastou a escuridão iluminando o céu, e é por isso que temos dia e noite. - Respondeu Tamõi.

-Tamõi, também foi Tupã que criou nossa Tekoha? - Perguntou Kuaray, se referindo a terra sagrada em que vivem, a Tekoha não se limita apenas ao plano terreno, também é o plano espiritual.

Tamõi olha para trás e sorri, ele gostava que Kuaray fosse tão curioso, pois com isso poderia adquirir muito conhecimento.

-Mas é claro Kuaray, Tupã é o deus da criação, ele criou tudo que conhecemos. - Disse ele.

Tamõi olha para fora e percebe que as crianças da aldeia estavam indo ajudar na caça hoje, era uma obrigação comum na rotina dos garotos, para que aprendessem desde cedo como caçar.

-Os meninos já irão sair para caçar, você também deveria ir Kuaray. - Disse Tamõi.

-Caçar? Eu não sei não, acho que não é uma boa ideia... - Respondeu Kuaray com receio.

-Para com isso, você tem que aprender a caçar, pois quando for um adulto deve estar preparado. - Disse Tamõi encorajando o menino. - Vai lá Kuaray, não precisa ficar com medo.

-Tudo bem Tamõi, eu já estou indo. - Respondeu Kuaray, saindo de lá, mas ainda com um pé atrás.

Ele chega até as outras crianças, e percebe um olhar um pouco hostil vindo delas, Kuaray não tinha amigos, e estava sempre sozinho.

-Olha só aquele esquisito chegou. - Disse um garoto.

-Eu não gosto desse moleque. - Disse outro.

-Todos já estão reunidos? - Perguntou um caçador.

-Sim, já estão todos aqui. - Respondeu o garoto mais velho.

-Ótimo, então vamos! - Disse o caçador.

Então todos entram na floresta, eles andam e Kuaray percebe os outros garotos falando dele, eles olhavam para ele e davam risada.

-Porque eles estão me olhando? - Pensou ele, começando a ficar desconfortável e se sentir mal.

Mas antes que Kuaray falasse alguma coisa eles encontram um porco do mato, e ele acaba se tornando o alvo da caçada, o animal era bem rápido, os caçadores usavam suas lanças e arco e flecha, mas não conseguiam pegar ele.

-Peguem ele!!! - Gritou o Caçador.

-Deixa comigo!!! - Disse Verá, o garoto mais velho e mais forte do grupo.

Ele pula para pegar o porco mas acaba caindo de cara na grama, e o porco vai para cima de Kuaray, ele não tem escolha e sua única reação foi agarrá-lo.

-Boa garoto!! - Disse o caçador, indo para cima de Kuaray.

Assim ele mata o porco usando sua lança, enquanto Kuaray segurava o animal.

-Muito bem garoto, se não fosse você o porco ia fugir, você foi muito bem. - Disse o caçador.

-Obrigado, foi tudo tão rápido que eu nem acredito que deu certo. - Disse Kuaray, e estava muito feliz pois não era comum receber elogios, já que sempre foi um garoto muito atrapalhado.

Mas Verá se irrita com Kuaray, geralmente ele sempre foi o foco dos elogios, mas dessa vez não conseguiu ajudar e passou vergonha, e ficou com mais ódio ao ver que o garoto que ninguém gosta conseguiu pegar o porco.

-Isso não vai ficar assim, vou acabar com esse moleque imbecil. - Disse Verá, enquanto seus amigos ajudavam ele a se levantar.

Ele se reúne com os outros garotos se afastando de Kuaray e o caçador.

-Pessoal, a gente não pode deixar o Kuaray se dar bem assim, temos que fazer alguma coisa. - Disse ele.

-É verdade, a gente tem que dar um jeito de atrapalhar ele. - Disse um garoto.

-Mas o que a gente faz? - Perguntou outro.

-Eu não sei, vamos deixar ele se deslumbrar com a glória por enquanto, mas na próxima caçada a gente pega ele. - Disse Verá.

Enquanto eles conversavam, um cachorro do mato de cor preta aparece, ele ouvia toda a conversa dos garotos, e percebe o porco morto nos braços do caçador, indo para cima dele para roubar a presa.

-Droga, tem um cachorro aqui, alguém ajuda!!! - Disse o caçador tentando afastar o animal.

Kuaray fica em choque, e não sabia o que fazer, o animal atacava de um jeito feroz pois parecia estar com fome, e consegue dar uma mordida no porco.

-É a minha chance! Já estou indo!!! - Gritou Verá indo atacar o animal.

Podia ser a forma do garoto se redimir, mas antes que conseguisse atacar o cachorro ele solta o porco e foge, todos ficam intrigados, pois nunca viram um animal assim soltar tão rápido sua presa.

-Ele fugiu, que estranho. - Disse um garoto.

-Senhor você está bem? - Perguntou Verá.

-Sim, eu estou, parece que ele só deu uma mordida no porco, mas acho que isso não vai atrapalhar. - Disse o caçador.

Chegando na aldeia eles preparam o porco para comer, mas algo estranho acontece, pois o porco estava podre e cheio de larvas por dentro.

-MAS O QUE É ISSO?!? - Gritou uma mulher assustada.

-QUE COISA NOJENTA!

-Vocês não pegaram um cadáver de porco na floresta não né? Deveriam estar caçando! - Disse outra mulher.

-Não, é claro que a gente não fez isso, nós caçamos esse porco mas eu não entendo como ele apareceu tão rápido! - Disse o caçador.

-Foi tudo culpa do Kuaray!!! - Gritou Verá chamando a atenção de todos.

-O que!? - Disse Kuaray assustado.

-Kuaray segurou o porco com suas mãos na floresta, e jogou uma maldição nele, ele queria envenenar todos nós quando comer a carne! - Disse Verá.

As pessoas ficam olhando e fofocando, muitas já não gostavam de Kuaray e começam a acreditar nesse boato.

-Isso não é verdade! - Disse Kuaray, mas ele é encurralado pelos garotos, que ficam provocando ele.

-Vai fazer o que agora seu esquisito?

-Sua mãe não está aqui para te proteger!

-Olha para ele, você é uma desgraça para nossa Tekoha, nem deveria ter nascido! - Disse Verá.

-CALA A BOCA!! - Gritou Kuaray enfurecido.

Ele fica descontrolado, e acerta um soco no rosto de Verá, que cai no chão com o nariz sangrando.

-Droga, o que foi que eu fiz... - Disse Kuaray assustado.

-Seu merdinha, foi te matar! - Disse Verá se levantando e indo para cima de Kuaray.

Mas antes que atacasse, Tamõi aparece e o joga para trás.

-O que vocês dois estão fazendo? Parem imediatamente! - Disse Tamõi.

-Me desculpa Tamõi, eu não tive intenção. - Disse Kuaray.

-Cala boca, o que você estava pensando heim? Você não deve bater nos outros!!! - Disse Tamõi enfurecido.

Kuaray começa a chorar, e fica ainda mais assustado.

-Você deve ser punido por esse comportamento, vamos Kuaray!!! - Disse Tamõi segurando o braço do garoto.

Mas Kuaray se solta, e sai correndo sem rumo para floresta.

-Kuaray!!! Volte aqui!!! - Gritou Tamõi.

-Porque? Porque eles me odeiam? O que foi que eu fiz para merecer todo esse ódio? - Se perguntava Kuaray, enquanto corria e chorava.

Ele acaba tropeçando e caindo de joelhos no chão, e chora mais ainda, sorrateiramente o mesmo cachorro do mato se aproxima, pronto para atacar Kuaray, mas uma cobra flamejante aparece de repente.

-Dá um fora daqui!! - Disse ela, afastando o cachorro.

Ela se aproxima de Kuaray e pergunta.

-Ei garoto, porque você está chorando?

-AAAHH!! O QUE É ISSO!?!? - Gritou Kuaray assustado, nunca tinha visto uma cobra falar muito menos uma que pegasse fogo. - Vo.. Você é Boitatá!!! O espírito que protege a floresta!!!

-Sim, sou eu, não precisa ficar assustado, não estou aqui para te machucar, só queria saber porque você está tão triste? - Perguntou Boitatá.

-É porque... É porque eu nasci amaldiçoado, e ninguém na minha tribo gosta de mim, o Tamõi disse que todos tem um lugar especial na Tekoha mas isso não é verdade para mim. - Respondeu Kuaray ainda chorando.

-Eu te entendo, sei como é esse sentimento, também não me sinto parte desse mundo. - Disse Boitatá.

Ela se aproxima, e olha no fundo do coração de Kuaray, e toma um susto.

-Não acredito, aquele miserável... - Pensou Boitatá irritada, pois conseguiu ver a maldição da morte no coração do garoto, e sabia que isso era obra de Anhangá.

-O que houve? - Perguntou Kuaray assustado.

-Nã... Não é nada, garoto eu tenho algo para te propor, eu vou te ajudar a se sentir bem na Tekoha, e as pessoas da aldeia com certeza irão respeitá-lo. - Disse Boitatá.

-É sério, você faria isso por mim? - Perguntou Kuaray.

-Nós dois somos iguais, eu também não me sinto feliz com a vida que tenho, e isso vai ser melhor para nós dois, para que você consiga se sentir feliz vai ter que aceitar o acordo. - Disse Boitatá.

-Mas, o que você vai fazer? - Disse Kuaray intrigado.

-Confia em mim, fica tranquilo. - Disse Boitatá.

-Eu não sei o que você pretende fazer, mas você é o espirito da floresta, então eu aceito o acordo. - Respondeu Kuaray.

-Tudo bem...

E Boitatá assume sua verdadeira forma, ela se torna uma serpente de fogo gigantesca, sendo maior que as árvores da floresta.

-MAS O QUE É ISSO!!! - Gritou Kuaray assustado.

A serpente começa a dançar e encarar Kuaray, suas labaredas pareciam tocar uma melodia, deixando o garoto hipnotizado, ela vai se aproximando lentamente e devora Kuaray.

-AAAAHHH!!! - Gritou Kuaray em desespero, sentindo seu corpo todo queimar.

Até ele parar de sentir dor, seus olhos começam a brilhar como o sol, surgem tatuagens em seu peito, e seus cabelos arrepiam e se transformam em puro fogo. Kuaray havia se tornado o próprio fogo, seu corpo inteiro queimava com muita intensidade, mas ele se sentia bem, e quando o fogo baixou Kuaray viu seu reflexo refletido na água do lago, e tomou um susto.

-O QUE!!! MEU CABELO!!!

Seus cabelos queimam sem parar feito uma fogueira, mesmo assim não sentia dor ou queimaduras, ele tenta apagar o fogo usando água, mas não apagava de jeito nenhum.

-Droga, mas o que está acontecendo comigo!?? - E corre em desespero na direção da aldeia.

Com seus cabelos em chamas, todo mundo fica mais assustado ainda.

-MAS O QUE É ISSO!!!

-O CABELO DELE TÁ PEGANDO FOGO!!! - Diziam as pessoas da aldeia, todas assustadas.

-TAMÕI!!! ME AJUDE!!! POR FAVOR!!! - Gritava Kuaray.

Tamõi ouve a voz de Kuaray, e sai do Opy para ver o que estava acontecendo.

-Tamõi o que está acontecendo comigo?? Esse fogo na minha cabeça não apaga!! - Disse Kuaray assustado e chorando.

-Kuaray... - Disse Tamõi, paralisado ao ver o garoto, estava com medo, nunca tinha visto isso antes.

O garoto nunca irá se esquecer daquele olhar, era puro medo, geralmente esse olhar vinha das outras pessoas da tribo mas não de Tamõi, pois ele sempre tratou o garoto com respeito e afeto, mas dessa vez viu Kuaray como um monstro.

-Tamõi? - Disse Kuaray esperando uma reação.

-DEMÔNIO!!! - Gritaram as pessoas da aldeia.

Elas começam a jogar pedras em Kuaray.

-VAI EMBORA DAQUI SEU DEMÔNIO!!! - Gritou o caçador atirando com seu arco na cabeça do garoto, mas a flecha é partida ao meio, e vira cinzas após entrar em contato com o fogo. 

Kuaray não vê outra alternativa a não ser fugir, e corre de volta para floresta, ele estava mais rápido, corria mais rápido que qualquer ser vivo da terra, era possível ver apenas um vulto passando. Kuaray não parava de correr, ainda tentando assimilar o que estava acontecendo, ele fugiu para bem longe, atravessou o cerrado inteiro e chegou na Amazônia, ele chorava mas até suas lágrimas se tornavam fogo.

-O que eu vou fazer agora? - Perguntou ele, sem saber para onde ir, e nem o que estava acontecendo.

CAPITULO 3

Kuaray caminhava sozinho pela floresta amazônia, ele não sabia onde estava pois correu muito longe, e estava muito assustado. Ele para de andar e vai até um rio, e novamente olha seu reflexo na água.

-O que aconteceu comigo?

De repente, duas araras se aproximavam dele, uma verde e uma azul, Kuaray se impressiona ao ver os animais, e elas o encaravam do alto das árvores.

-Ei garoto, porque seu cabelo tá pegando fogo? - Perguntou a Arara verde.

-O que? Você fala?? - Disse Kuaray impressionado, e cai para trás assustado. - Como isso é possível?

-Você não deveria ter perguntado isso para ele Verde, foi uma pergunta rude demais e assustou o menino. - Disse a Arara Azul, com uma voz feminina.

-Espera, como vocês dois conseguem falar? - Perguntou Kuaray.

-Ué, o garoto consegue nos entender! - Disse Verde impressionado.

-Todos os animais falam, mas normalmente os humanos não podem ouvir. - Respondeu Azul.

-Vocês conhecem a Boitatá? - Perguntou Kuaray.

-É claro que conhecemos, acho que todos os animais da floresta conhecem. - Disse Azul.

-Ela era a protetora da floresta, e amiga nossa. - Disse Verde.

-Foi ela, foi ela que me amaldiçoou, e é por isso que meu cabelo está pegando fogo, eu só queria voltar para casa, mas agora acho difícil eles me aceitarem de volta na tribo. - Disse Kuaray com tristeza.

-Pare de dizer besteiras, garoto, a Boitatá era um espírito protetor, ela jamais amaldiçoaria ninguém, muito menos uma criança, não é Azul? - Disse a Arara Verde.

-Espera um minuto. - Disse Azul.

Ela se aproxima de Kuaray, e olha para ele com mais atenção, e logo expressa uma cara de espanto.

-Não é possível!! - Disse ela.

-O que foi? - Perguntou Kuaray.

-O que você tá vendo? - Perguntou Verde.

-É que...

-Joaquim, já estamos a chegar? - Disse um grupo de portugueses, em suas primeiras expedições pela amazônia.

-Que barulho foi esse? - Perguntou Kuaray.

-Droga garoto, se abaixa!! - Disse Verde preocupado.

Os colonizadores portugueses começaram a explorar a Amazônia nesse mesmo período, era um grupo de três, eles andavam e conversavam pela floresta enquanto portavam machados.

-João esse lugar é muito perigoso, tem que tomar cuidado, principalmente com essas tais guerreiras amazonas, elas podem estar espreitando nas árvores. - Disse um deles um pouco desconfiado.

-Tu realmente acredita nisso? Deixa de ter medo Afonso, não é possível que tenhas medo de mulheres. - Respondeu o outro.

-Parem de falar, estamos quase lá. - Disse o líder da expedição.

Kuaray estava assustado, nunca tinha visto pessoas como aquelas antes, as roupas, cor de pele e o dialeto deles eram totalmente diferentes e estranhos.

-Quem são eles? - Perguntou Kuaray, tentando falar baixo para não chamar atenção.

-Não sabemos direito, mas parece que vieram em uma embarcação gigante direto do mar. - Respondeu Verde.

-Foi isso que disseram para gente, mas ainda são só boatos. - Disse Azul.

O garoto não sabia o que era o mar, e muito menos o que era uma embarcação, mas ainda estava assustado pois sentia que esses homens eram perigosos.

-Chegámos, é aqui! - Disse o líder que se chamava Joaquim.

Os três param e começam a observar as árvores do local.

-Tinhas razão Joaquim, estas árvores são de qualidade. - Disse o outro que se chamava Afonso.

-O que eles estão dizendo? - Perguntou Kuaray.

-Se pode ouvir a língua dos animais, eu acho que você também pode entender a língua desses homens. - Respondeu Verde.

Então Kuaray se concentra, e presta bem atenção no que eles vão dizer.

-Já podemos cortar, Joaquim? - Perguntou João.

-Sim já podem, esta madeira é muito resistente, será de bom uso para nós. - Disse Joaquim.

Kuaray consegue entender o que estava acontecendo, e fica assustado percebendo o que eles iriam fazer.

-Essa não, eles querem cortar as árvores!! - Disse ele.

-Idiotas, odeio esse tipo de gente! - Disse Verde.

-Não posso deixar isso acontecer!! - Disse Kuaray se levantando.

-Não garoto, o que está fazendo, não pode ir lá!!! - Disse Azul tentando impedi-lo.

-Que barulho foi aquele? - Perguntou Joaquim.

-Estou a sentir um cheiro a queimado.- Disse Afonso.

-Quem está aí? - Gritou João, e os três viraram para trás.

As araras conseguem se esconder, e no susto Kuaray pula rápido e consegue se esconder nos galhos das árvores.

-Parece que não era nada, vamos voltar! - Disse Joaquim.

-Caramba garoto, você é rápido. - Disse Verde impressionado.

-Mas foi imprudente, é perigoso mexer com esses caras. - Disse Azul.

-Me desculpa, mas não posso deixar eles fazerem isso!! - Respondeu Kuaray.

João acerta a árvore com o machado, ao ver isso, Kuaray não consegue ficar parado, e corre entre os galhos na direção deles.

-NÃO!!! - Gritou Verde.

-VOLTA AQUI!! - Gritou Azul.

-AAAAAHH!!! - Gritou Kuaray chamando a atenção de todos.

Ele pula em cima de João, e o impede de dar mais um golpe na árvore.

-O QUE É ISTO??? SAI DE CIMA DE MIM!!! - Gritou João desesperado.

João joga Kuaray no chão, e se assusta ao ver um garoto com o cabelo de fogo.

-Mas o que é isto? - Perguntou Joaquim.

-É UM DEMÓNIO!!! - Gritou Afonso assustado.

João prepara um golpe de machado para cima de Kuaray, ele iria acertar mas Kuaray corre rápido e consegue desviar.

-Ele é rápido! - Disse João.

-O que estão à espera, vamos matar este demónio!!! - Disse Joaquim preparando seu machado.

Eles tentam acertar Kuaray, mas não conseguiam acompanhar a velocidade do garoto, ele era muito rápido e os portugueses começam a ficar cansados.

-Caramba, já estou a ficar sem ar. - Disse Afonso.

-Boa, ele tá mandando bem. - Disse Verde comemorando.

-Esse garoto... - Disse Azul preocupada.

Kuaray corria, mas foi descuidado, e Joaquim consegue agarrá-lo.

-Agora não tem para onde fugir, seu demónio! - Disse ele.

-ME SOLTA!!! - Gritou Kuaray.

E o fogo de seu corpo queima as roupas de Joaquim, que corre desesperado para o lago, e consegue apagar o fogo antes de se queimar.

-Está bem? - Perguntou Afonso.

-Vamos fugir, ele vai matar-nos!! - Disse Joaquim assustado.

E os três vão embora saindo correndo de lá.

-E nunca mais voltem aqui!!! - Gritou Kuaray.

As araras se aproximam dele.

-Garoto você foi ótimo, eles tiveram o que mereciam, agora vão pensar duas vezes antes de tentar roubar da natureza. - Disse Verde.

-Uma pena que eles continuam fazendo isso pela floresta. - Disse Azul.

-Eu posso ajudar a deter eles, mas antes eu queria comer alguma coisa, to morrendo de fome. - Disse Kuaray.

-Ótimo, se a gente for reto por aqui vamos achar frutas, não é tão longe. - Respondeu Azul.

-Obrigado, eu vou na frente. - Disse Kuaray.

E o garoto caminha na frente, enquanto as araras voam pro alto e observam ele.

-Ei azul, antes da gente ser interrompido você ia dizer alguma coisa, o que foi que você viu no coração do garoto? - Perguntou Verde.

-Como eu vou te dizer isso, parece que o espírito de Boitatá e o espírito do garoto se tornaram um só, como se ela tivesse escolhido ele para herdar o seu poder. - Disse Azul.

-O que? Mas porque ela faria isso? - Perguntou Verde.

-Ela estava um pouco triste e distante na última vez que a vimos, deve ter tido bons motivos, mas o que importa agora é que o menino é o novo protetor da floresta, a gente deve guia-lo e ajuda-lo a proteger os animais e as plantas. - Respondeu Azul.

-Tem razão... - Disse Verde, vendo Kuaray andando.

CAPITULO 4

Os boatos dos portugueses e tribos indígenas locais começaram a espalhar a lenda do Curupira, um garoto de cabelo de fogo que protege a floresta, era tão rápido e astuto que ninguém conseguia pegá-lo, e quando seguiam suas pegadas ele não estava mais lá, pois segundo eles os pés de Curupira eram virados do avesso, mas isso foi só uma mentira que Kuaray contou a um indigena para assusta-lo.

Kuaray cresceu protegendo a floresta por onde passava, com a ajuda de seus amigos animais, muito tempo passou, e Kuaray se tornou um adulto, enquanto descansava em sua arvore como de costume algo perturbava sua mente, ele olhava o céu com tristeza, até que sua velha amiga Azul chega até ele.

-Nossa Kuaray, ainda não entendo como essa árvore não pegou fogo com você encostado nela. - Disse Azul.

-Oi Azul, nem todo fogo é destruição, eu só queimo as coisas quando eu quero. - Respondeu Kuaray sorrindo para sua amiga.

-O que foi? Porque está com essa cara? - Perguntou ela.

-Não é nada. - Respondeu Kuaray cruzando os braços e virando de costas.

-Você sabe que não deve ficar reprimindo seus sentimentos, isso faz mal.

-Eu tô legal, é que... Ainda penso em Tamõi e na minha tribo, sinto falta de ter contato com outras pessoas, mas sempre que alguém me vê eles ficam com medo e fogem de mim. - Disse Kuaray.

-Vai ficar tudo bem Kuaray, não tem porque você estar triste assim, mesmo que as pessoas tem medo, você continua protegendo elas, por isso você é um grande homem, e por isso que Boitatá te escolheu. - Disse Azul.

-Mas eu nunca pedi por isso...

-Para Kuaray, se não fosse você os colonizadores teriam cortado todas as árvores da amazônia, e você sabe disso.

-Nisso você tem razão minha amiga, obrigado. - Disse Kuaray se levantando.

-Onde você vai?

-Vou dar uma volta por ai, para ver se a tristeza passa, não precisa se preocupar, eu vou ficar bem. - Respondeu Kuaray descendo da árvore.

-Toma cuidado tá. - Disse Azul.

Kuaray caminhava triste pela floresta, ele tentava esconder suas frustrações mas não conseguia, até ser abordado por um cachorro do mato, que parecia estar bem doente.

-Curupira!! É uma honra te conhecer, você poderia ajudar um pobre cão como eu? - Perguntou o animal.

-Sim, é claro que posso ajudá-lo, já faz muito tempo que não vejo um cachorro do mato, da última vez foi quando eu era criança, nem sabia que tinha um de vocês vivendo por aqui, como posso te ajudar? - Perguntou Kuaray.

-Antes eu vivia aqui com a minha família, mas eles foram brutalmente assassinados por caçadores portugueses, eu gostaria de fazer um ritual funerário para eles, mas sozinho eu não consigo. - Respondeu o Cachorro.

-Eu sinto muito por isso, esses caras são desprezíveis, eu aceito te ajudar, então me mostre como faz esse ritual.

-Muito obrigado, venha comigo! - Disse o Cachorro.

Ele leva Kuaray até um sambaqui, um amontoado de terra com varias conchas e esqueletos enterrados.

-Os restos mortais da minha família estão enterrados aqui.

-É, eu consigo sentir a energia pesada desse lugar, agora como faz esse ritual? - Perguntou Kuaray.

-Esse ritual é para garantir que minha família chegue em segurança no mundo dos mortos, os espíritos deles estão perdidos, então o que você deve fazer é riscar três arvores em volta desse Sambaqui. - Respondeu o Cachorro.

-Entendi.

Então Kuaray vai até uma árvore e risca ela usando uma pedra.

-Protetor da floresta, porque você parece estar tão triste? - Perguntou o Cachorro.

-Não é nada, só não estou me sentindo muito bem hoje. - Disse Kuaray, indo para próxima arvore.

-E o que aconteceu?

-É que eu sinto falta da minha tribo, e também sinto falta de conversar com pessoas, durante os últimos anos só tive a companhia dos animais da floresta. - Respondeu Kuaray com tristeza.

E ele risca a segunda árvore, e já vai para a próxima.

-É sério? Achei que você tinha amigos humanos também.

-Não, sempre que as pessoas me veem ficam assustadas e fogem, isso doi muito... - Continuou ele.

-Nossa, isso é bem triste... - Disse o cachorro.

Riscando a terceira árvore.

-Nossa que soninho, acho que vou descansar um pouco. - Disse Kuaray.

Sem perceber ele vai andando até o sambaqui, e sobe no monte de terra, deitando sobre ele.

-Será que, o ódio das pessoas contra mim foi por minha culpa? Mas o que será que eu fiz? - Perguntou ele.

O cachorro se aproxima, bem próximo do ouvido dele.

-Se realmente quiser minha opinião, sim, foi tudo culpa sua, você nem deveria ter nascido. - Disse o Cachorro.

-Me desculpa.... Eu não queria... - Disse Kuaray começando a chorar.

-Não precisa lamentar, agora descanse que todos os seus problemas irão embora. - Disse o Cachorro.

Então Kuaray dorme, entrando num estado de sono profundo, e enquanto adormecia era engolido pelo monte de terra, e as marcas que fez nas árvores começavam a brilhar de maneira intensa, até que Kuaray era enterrado debaixo da terra.

-HAHAHAHA!!! - Ria o cachorro.

E seus olhos começam a brilhar assim como as árvores.

-Achou mesmo que poderia escapar de mim? Sua família me serve por anos, e eu não poderia te deixar livre!!! - Disse o Cachorro, revelando sua verdadeira identidade, Anhangá o Deus da morte. - Mas Boitatá foi esperta, ela se sacrificou para te proteger, com a fusão dos seus espíritos não posso mais consumir sua alma.

-Sendo assim, vou te prender aqui pela eternidade, sem um protetor da floresta poderei causar a destruição que quiser.

CAPITULO 5

500 anos depois de Kuaray adormecer, a sociedade evoluiu, e a colonização das américas e no Brasil foi bem sucedida, principalmente pelo fato do protetor da amazônia ter ido embora, e a verdadeira identidade de Kuaray foi totalmente esquecida, sendo ele retratado apenas como uma lenda antiga do folclore brasileiro.

Porem, no mundo contemporâneo, criminosos liderados pelo prefeito Carlos Bellucci faziam parte de um esquema ilegal de desmatamento exportação de madeira para o exterior, e para abafar o caso eles queimavam a floresta para que a imprensa tivesse outro foco e não falassem do desmatamento provocado por suas maquinas, uma jovem ativista Indígena chamada Milena militava todos os dias contra as ações de Bellucci pois sabia que ele era o causador de tudo, mas sempre era ridicularizada pois diziam que ela não tinha provas.

-Não sei mais o que posso fazer, todos os dias eu provo que Carlos Bellucci pode ter envolvimento com as queimadas na amazônia, mas as pessoas ainda teimam em acreditar nele!!

Ela já organizou pequenas mobilizações, ajudando as tribos e animais que foram feridos pelas queimadas e desmatamento, um dia conseguiu confrontar Carlos de frente.

-Carlos, você não tem vergonha de mentir para as pessoas enquanto ajuda a desmatar a nossa floresta? - Perguntou Milena.

-Olha só quem é, a garota que é obcecada por mim, você sabe que eu sou casado né? - Disse Carlos num tom de arrogância.

-Responda a pergunta!!! - Disse Milena irritada.

-Olha, você não tem provas de nada, então não pode ficar me acusando dessa forma!

Na internet Milena foi ridicularizada, diziam que ela era só uma militante, deixando ela frustrada e impotente, mas não desistiu de continuar.

-Eu já tentei de tudo, mas vou continuar denunciando esses crimes, não vou descansar até que a nossa floresta esteja segura! - Disse Milena, num vídeo publicado em suas redes sociais.

Carlos era um prefeito muito influente, ele é da cidade Novo Campo no Mato Grosso do Sul, onde curiosamente era a terra natal de Kuaray, por lá ele financiava todo seu esquema profano, e seu rastro de destruição acabou chegando nas árvores que contém o feitiço que prendeu Kuaray. Alguns bandidos usavam suas máquinas para derrubar as árvores, uma tecnologia bem avançada, mini tratores que eram apropriados para andar pela amazônia, e cortavam árvores numa velocidade impressionante.

-Olha isso Zé, quero ver ser mais rápido que eu! - Disse um bandido cortando as árvores.

-Então pega essa, seu otário!! - Disse o outro cortando mais árvores.

Enquanto competiam, um deles acaba cortando uma das 3 árvores que foi feito o feitiço para prender Kuaray, e uma grande explosão acontece, no amontoado de terra onde era o Sambaqui uma luz muito forte em chamas brilha, abrindo um buraco no chão e rasgando os céus.

-Que porra é essa!! - Gritou um Bandido assustado.

-TÁ QUEIMANDO!!!

E então Kuaray ressurge, como se estivesse acordado de um longo sono.

-AH!! O QUE É ISSO!?!?

-É UM DEMÔNIO SAINDO DO INFERNO!!!

Como quem acabou de acordar, Kuaray coça os olhos, e ao abri-los ele se assusta, pois além da presença dos bandidos as máquinas chamam muito sua atenção, era algo que ele jamais tinha visto, então ele corre até os bandidos se aproximando deles num piscar de olhos.

-Que tipo de coisa é essa? - Perguntou ele intrigado.

-AAAAHH!!! SOCORRO!! - Gritou o bandido assustado, e saindo da máquina.

-VAMOS EMBORA DAQUI ZÉ!!! NÃO CHEGA PERTO DE MIM DEMÔNIO!!! - Gritou o outro bandido.

Os dois saem de lá correndo, enquanto Kuaray fica parado, ainda intrigado com a máquina, ele tenta investigar e sem querer acaba apertando o botão para ativar a serra, e corta mais uma árvore.

-Droga, então é para isso que você serve né? - Disse ele assustado.

E com raiva, ele carboniza as duas máquinas, queimando elas e causando uma explosão, o fazendo voar para trás.

-Ai que coisa irritante... - Disse ele se levantando, com a mão na cabeça e ainda intrigado.

Depois ele absorve todo o fogo que saía das máquinas, para que eles não se alastrassem pela floresta.

-Nossa que dia estranho, preciso perguntar para as araras de onde está vindo essas coisas, será que é mais um truque dos colonizadores?

Chegando em casa tudo estava diferente, não havia nenhuma arara, as árvores podiam ser as mesmas mas estavam mais velhas.

-Não é possível!! - Disse uma voz atrás de Kuaray.

Quando ele olha, havia uma arara vermelha o observando.

-Eu achei que você era apenas uma lenda, Curupira nunca imaginei conhecê-lo. - Disse a arara.

-Oi, eu não conheço você, quem você é e cadê as outras araras? - Perguntou Kuaray. - E porque essas árvores estão tão velhas assim, será que estão apodrecendo?

-Bem, é que você está desaparecido há quase 500 anos. - Respondeu a arara.

-O que?!? Não, para com isso eu só tirei um cochilo

-Mas é verdade, a lenda de curupira foi passada entre as araras e entre os homens, mas são histórias diferentes, na lenda dos homens o curupira ainda é um espírito que protege a floresta e nunca se foi, mas na lenda das araras diziam que você quando estava triste fugiu para bem longe e nunca mais voltou, as araras ficaram esperando aqui até o dia de seu retorno, mas teve um dia que cansaram de esperar e todas foram embora. - Respondeu a arara.

-Não, isso não pode ter acontecido, aquele cachorro me enganou, e eu dormi por todo esse tempo, eu devia estar protegendo a floresta... - Disse Kuaray assustado.

Kuaray coloca as mãos sobre o rosto, e expressa muita tristeza.

-Você está bem? - Perguntou a arara.

-É muita informação para mim, meus amigos animais se foram, e minha amada amazônia já não é mais a mesma, eu não sei o que fazer agora... - Disse ele com muita tristeza.

-Não pense assim, na verdade você voltou na hora certa!

-Aé?

-No momento a amazônia está sofrendo com ataques de criminosos, e deve ter sido por isso que Tupã trouxe você de volta. - Disse a arara.

-Que ataques de criminosos? - Perguntou Kuaray.

-Os homens são muito crueis, eles estão queimando e derrubando árvores com máquinas enormes e mortais, que podem destruir tudo o que quiser pela frente.

-Máquinas? O que é uma máquina?

-Ah, me desculpe, elas não existiam no seu tempo, são coisas grandes com rodas de metal e cor amarela, e tem serras enormes na frente que são usadas para cortar árvores, elas foram construídas

 pelos homens.

-Espera aí, eu acabei de ver coisas como essa assim que eu acordei, e tinha pessoas pilotando elas, já entendi o que está acontecendo, vou dar um jeito nisso!! - Disse Kuaray se levantando.

-Seria de grande ajuda, alguém precisa parar esses criminosos. - Disse a arara.

-Pode deixar comigo, eu fiquei fora por muito tempo, mas tá na hora de voltar com força total, não vou deixar ninguém mexer com a floresta Amazônia. - Disse Kuaray determinado.

Ele fecha os olhos e respira fundo, e consegue identificar fogo queimando a floresta, e perto desse fogo tinham máquinas e mais criminosos.

-Tá na hora de acabar com isso!!!

CAPITULO 6

Os bandidos que libertaram Kuaray voltaram correndo até seus aliados, estavam pálidos e totalmente assustados.

-O que aconteceu com vocês?

-Tinha... Tinha um demônio na floresta. - Respondeu o Bandido.

-Que?

-É verdade, ele tinha cabelo de fogo, e ia queimar a gente vivo! - Disse o outro.

-HAHAHAHA!!! Deixa de conversa mole!

-Vocês devem ter usado drogas, isso sim!!

-Espera, onde vocês deixaram as máquinas? - Perguntou outro, que parecia ser uma autoridade.

-Elas ficaram, a gente correu depois que o demônio apareceu! - Respondeu o Bandido.

-Eu não acredito nisso, além de ficar usando drogas deixam as máquinas para trás.

-É melhor vocês voltarem pro seu serviço agora, se não o chefe não vai gostar, e sabe o que acontece depois, né?

-Sim senhor, a gente vai voltar. - Disse o outro bandido assustado.

Eles seguem de volta para a floresta, andando até onde deixaram as máquinas.

-Eu acho que a gente viu coisa mesmo, deve ter sido só impressão, eu tomei uma cachaça hoje de manhã, deve ter sido isso.

-Não, não foi isso não, eu tenho certeza do que eu vi, tinha um demônio lá mesmo.

E então eles chegam até as máquinas, mas elas estavam totalmente carbonizadas e destruídas.

-Meu deus do céu, não é possível, agora a gente tá ferrado... - Disse um Bandido assustado.

-Então ele existe mesmo, não era a bebida... - Disse o outro de joelhos no chão.

No meio da floresta amazônia um grupo de criminosos havia terminado de desmatar as árvores de hoje, e então eles jogam um coquetel molotov no mato causando um incêndio.

-Vamo bora!! Vamo bora!! - Disse eles se preparando para fugir.

Kuaray pode se teleportar para qualquer lugar onde há fogo, assim ele aparece onde os bandidos estavam, e se esconde no mato apagando todo o fogo da floresta.

-Ué? O que aconteceu? O fogo apagou! - Disse um bandido indo verificar.

Estranhamente o mato não estava queimado, e ainda tinha cacos de vidro do molotov que eles jogaram no chão.

-Que estranho...

Kuaray começa a assobiar, eles começam a ouvir sendo atraídos pelo som.

-Que assobio é esse?

-Pega o fuzil, vamos ver quem é o engraçadinho!

Eles ficam intrigados e andam pelo local para investigar, se afastando das máquinas, Kuaray aproveita e corre entre as árvores chegando até as máquinas.

-Não vão mais causar destruição. - Disse Kuaray apontando suas mãos para os veículos.

Ele explode elas soltando rajadas de fogo extremamente potentes, os bandidos se assustam com a explosão e percebem a presença de Kuaray.

-QUE PORRA É ESSA!!!

-É UM DEMÔNIO!!! MATA ELE!!! - Disse outro bandido preparando sua arma.

Eles atiram em Kuaray, mas ele é rápido e consegue fugir desaparecendo com uma labareda de fogo, apagando o fogo das máquinas ao mesmo tempo.

-Não é possível!! - Disse um bandido sem acreditar no que viu.

-Fomos atacados por um demônio!!!

Kuaray se teleporta para outro canto que estava pegando fogo.

-Aonde você vai? - Perguntou um Bandido, enquanto outro estava indo pro caminho contrário.

-Eu vou mijar rapidinho, tô apertado.

-Que merda, então vai logo cara, só não mija em cima do fogo.

Ele começa a urinar no mato, observando o fogo se alastrando, até ver Kuaray saindo dele, como se fosse um portal.

-AAAHHH!! É O CURUPIRA!!! - Gritou ele assustado, tentando levantar as calças.

-Olha só, alguém que não me chama de demônio. - Disse Kuaray apagando o fogo.

Kuaray corre rapidamente até as máquinas deles, explode todas elas, tirando os bandidos que estavam dentro, deixando eles vivos e sem machucados.

-MORRE DESGRAÇA!!! - Gritou um Bandido puxando sua arma.

Ele atira em Kuaray, mas parecia que sua pele era impenetrável, e as balas não conseguiam matá-lo.

-Coisa irritante... - Disse Kuaray.

Ele pega um pedaço da roda de uma das máquinas, e arremessa contra o bandido, o derrubando sem dificuldades, e depois desaparece se teleportando novamente.

-Ué? Para onde ele foi?

Os bandidos desesperados ligam seus rádios e reportam tudo para o quartel general.

-Gente, fomos atacados pelo Curupira. - Disse o Bandido. - Ele destruiu nossas máquinas.

-A para com isso, não é hora de ficar fazendo trote, volta pro trabalho seu vagabundo. - Respondeu o outro desligando a ligação.

Kuaray se teleportou por toda floresta, seguiu destruindo as máquinas e assustando os bandidos por onde passava, impedindo eles de continuar o desmatamento. Os bandidos desamparados se reúnem, ainda desacreditando que viram o protetor da floresta.

-Não é possível,  você também viu ele?

-Sim, eu atirei nele com o fuzil mas ele desapareceu num piscar de olhos.

-Meu deus o Curupira existe, eu não posso acreditar.

-A gente não pode ficar parado, vamos ter que informar tudo para o chefe, já que ele destruiu todas as nossas máquinas e não podemos continuar trabalhando.

Kuaray volta para sua árvore e reencontra a arara vermelha.

-Curupira, aonde você foi? Porque demorou tanto? - Perguntou a arara.

-Eu destruí todas as máquinas, agora elas não são mais problema. - Respondeu Kuaray.

-Espera, então você entrou em confronto com os homens? - Perguntou a arara assustada.

-Sim, ninguem se machucou então não precisa fazer essa cara, se bem que eles tinham armas bem mais fortes do que antigamente, os tiros eram mais doloridos e irritantes, mas não o suficiente para me matar. - Disse Kuaray, se sentando ao lado da arara.

-Nossa... - Disse a arara assustada.

-Agora que a amazônia está em paz eu vou descansar um pouco, preciso de um tempo para assimilar o fato de ter dormido por quase 500 anos. - Disse Kuaray se deitando.

-Eu estou com um mal pressentimento, os homens não vão desistir de causar destruição, e agora que você irritou eles algo ruim pode acontecer.

-Algo ruim? - Disse Kuaray pensativo com o que a arara disse.

CAPITULO 7

As notícias chegaram até Carlos, e obviamente a reação dele não foi nada boa.

-Como assim as máquinas foram destruídas? - Perguntou ele.

-Se... Senhor nós fomos atacados, e ele destruiu todas as nossas maquinas... - Disse um Bandido assustado.

-Não vem com esse papo, sabe o quanto eu investi nessa tecnologia, o nosso prejuízo financeiro vai ser gigante, quem foi que fez isso!?!? - Perguntou ele enfurecido.

-Fo... Foi o Curupira senhor...

-O que?

-Sim, é verdade, todos nós vimos ele, era um homem indigena com cabelos de fogo, ele era muito rápido.

-Me deem um bom motivo para não demitir vocês por essa bobagem, me digam logo o que realmente aconteceu!? - Disse Carlos.

-Mas senhor, essa é a verdade, pode perguntar para qualquer um, realmente foi o Curupira.

-Olha eu já estou de saco cheio, se realmente foi o Curupira quero encontrar ele pessoalmente, ai eu já mato ele e pronto, enquanto isso vocês vão ter trabalho em dobro para cobrir o prejuízo, andem peguem as maquinas! - Disse Carlos irritado.

-Tudo bem senhor...

-Espere aí, antes disso quero pegar esse tal curupira, como eu posso encontrá-lo?

-Bem senhor, quando eu estava mijando no mato eu vi ele aparecendo de dentro do fogo.

-Sim, foi assim também comigo, ele apareceu assim que a gente tacou fogo no mato.

-Segundo a lenda, o Curupira aparece sempre que alguém ameaça a floresta, pelo menos era isso que eu ouvia.

-Entendi, peguem suas armas, vamos matar o Curupira! - Disse Carlos se levantando.

Kuaray ainda descansava em sua árvore, na companhia de sua arara.

-Droga... - Disse a Arara preocupada.

-O que foi?

-Sinto que algo ruim está acontecendo, acho que os homens irão querer voltar a destruir a floresta e se vingar de você. - Respondeu a arara.

-Como você sabe disso? - Perguntou Kuaray.

-Nós araras conseguimos sentir más energias por toda floresta, e eu sei que eles vão atacar.

-Tá bom, então onde eles estão?

A arara voa pro alto e olha com atenção, conseguindo enxergar além de seu alcance.

-Ali!!! Eles estão na base!!

-Certo, então vamos! - Disse Kuaray se levantando com um pulo.

Ele segura a Arara e começa a correr na direção que ela indicou.

-O que está fazendo? - Perguntou a Arara assustada.

-Vou precisar de você junto comigo, vamos chegar mais rápido se eu correr, agora me guie até lá! - Disse Kuaray.

-Tudo bem! - Disse a Arara aceitando a tarefa.

Na base deles, todos os bandidos posicionam suas armas e máquinas, um bandido arremessa um molotov na entrada do estacionamento, Kuaray sente isso e para de correr.

-O que foi? - Perguntou a Arara.

-Você vai ter que seguir sozinho agora, eles estão me chamando! - Disse Kuaray, soltando a arara.

-Ué, como assim te chamando? - Perguntou ele.

De volta a base, Carlos pega um megafone e se prepara para dar um discurso.

-CURUPIRA!! ONDE VOCÊ ESTÁ? - Disse ele. - APAREÇA LOGO!! NÃO VÊ QUE A GENTE ESTÁ DESTRUINDO A NATUREZA!! HAHAHAHA!!!

E então, Kuaray surge diretamente da labareda de fogo, Carlos encara ele com desprezo mas engole a seco, escondendo seu medo pois a lenda era real.

-É.. É ele, PESSOAL QUEM MATAR O CURUPIRA IRÁ GANHAR UM AUMENTO!!! MATEM ELE!!! - Gritou Carlos no megafone.

Todos os bandidos começaram a atirar em Kuaray mas nenhuma das balas perfurou sua pele, sem contar que ele era muito rápido, conseguindo correr e desviar de algumas balas, chegando até outra máquina.

-Que ótimo, mais máquinas para destruir! - Disse ele.

E ele solta uma rajada de fogo destruindo a máquina inteira, Carlos fica sem palavras.

-É a minha chance! - Disse um bandido se aproximando.

Ele atira em Kuaray com um fuzil a queima roupa, mas Kuaray apenas segura o fuzil com a mão e arremessa o bandido para longe, o fazendo derrubar outro bandido, derrotando os dois.

-Ele é muito forte!! - Disse um Bandido assustado.

Kuaray corre e pula pela base destruindo mais uma máquina, deixando Carlos furioso.

-O que vocês estão esperando? Matem logo ele!!!

Mas as armas não surtiam efeito, então um bandido tenta atropelar Kuaray enquanto estava distraído, usando o peso da máquina para esmagá-lo.

-É o seu fim! - Disse ele acelerando.

-CUIDADO!!! - Gritou a Arara, aparecendo do alto da base.

Kuaray estava de costas, mas foi o único que ouviu a arara gritar, e então se virou rapidamente antes de ser atingido pela máquina, segurando ela com as mãos, e erguendo como se fosse um brinquedo.

-ELE É UM MONSTRO!!! - Gritou o Bandido, saindo correndo da máquina tremendo de medo.

-Essa coisa é pesada!! - Disse Kuaray queimando a máquina enquanto segurava ela.

Ele solta a carcaça carbonizada da máquina no chão, e olha para seu amigo arara.

-Obrigado vermelhinho, agora se esconde é perigoso aqui!

-Tudo bem! - Disse a Arara se afastando.

-AI CURUPIRA!! VOCÊ GOSTA DE FOGO NÃO É? - Gritou um bandido chamando a atenção de Kuaray.

E um grupo de bandidos preparou vários coqueteis molotov, mas o alvo não era Kuaray e sim a floresta.

-Essa não!! - Disse Kuaray indo para cima deles.

Uma das técnicas de Kuaray era conseguir chamar atenção através do assobio, então ele assobia muito alto, chamando a atenção de todos, os deixando paralisados e hipnotizados, assim Kuaray vai para cima do grupo de bandidos e vai derrubando um por um, impedindo eles de queimar a floresta.

-Ai... que dor... - Disse um bandido, após levar um golpe de Kuaray.

-Chefe... Por favor... Ajude... - Disse outro bandido, rastejando na direção de Carlos, mas desmaiando no meio do caminho.

-Chefe? - Disse Kuaray, percebendo Carlos no andaime assistindo tudo.

Então Kuaray corre até ele, encarando Carlos frente a frente, que estava morrendo de medo.

-É você que manda nisso tudo? - Perguntou Kuaray irritado.

-Sim, e é melhor você abaixar seu tom para falar comigo!! - Disse Carlos puxando uma pistola, e apontando para cabeça de Kuaray. - Vai ser ótimo, vou ficar famoso e rico por ter matado o Curupira!!

Então Kuaray destroi a arma de Carlos com facilidade, derretendo ela só com o olhar, e queimando a mão de Carlos.

-AI MINHA MÃO!! DESGRAÇADO!!! - Gritou Carlos.

E Kuaray segura ele pelo pescoço, e encara ele com muita raiva.

-Escuta aqui, enquanto eu estiver por aqui pessoas como você não irão ameaçar a floresta, e se você ousar voltar para cá eu acabo com você, e não é uma ameaça, é uma promessa. - Disse Kuaray enfurecido. - Você entendeu?

-Si.. Sim... - Disse Carlos com medo.

Então Kuaray o solta, e pula do andaime, destruindo as máquinas restantes assim que toca no chão, por fim saí andando até a saída.

-Vamos embora Arara. - Disse ele chamando seu amigo.

-Sim, para onde vamos agora? - Perguntou a arara.

-Para casa, acho que agora finalmente vai dar para descansar. - Respondeu Kuaray.

3 horas depois a polícia chegou na base dos bandidos, e ficaram extremamente assustados.

-Meu deus, está vendo isso? - Perguntou uma policial.

-Sim, parece que aconteceu uma guerra aqui. - Disse o comandante da policia.

Eles investigam, ninguém estava morto mas todos inconscientes, e acabam encontrando o prefeito Carlos dentro da instalação.

-Prefeito Carlos Bellucci? Tá fazendo o que aqui? - Perguntou a policial.

-É verdade, aqui é bem longe da sua cidade. - Disse o comandante.

-Ah... Eu vim visitar um amigo, só isso... - Disse Carlos.

-Amigo? Tá bom... - Disse o comandante desconfiado.

-Carlos, o que aconteceu aqui? - Perguntou a policial.

-Fomos atacados, era o Curupira. - Disse Carlos.

-O que? - Perguntou o comandante confuso.

-É verdade, sei que vai ser difícil acreditar mas o Curupira nos atacou, eu até filmei tudo! - Disse a assistente de Carlos com a gravação da batalha.

-Não, não mostra isso para eles!! - Disse Carlos desesperado, pois a gravação poderia incriminá-lo.

-Pega o celular dela! - Disse o comandante.

E a policial confisca o celular da assistente.

-O que você vai fazer? - Perguntou Carlos assustado.

-Vamos investigar, estou achando bem suspeito você estar aqui, e também vem com essa história de Curupira, tudo está muito estranho... - Disse o comandante.

De volta em casa, Kuaray finalmente descansava.

-Aí Arara, valeu pela ajuda hoje. - Disse ele.

-Que isso não foi nada, eu tive que voar bem longe para conseguir chegar na base a tempo, ainda bem que deu certo. - Disse a arara.

-Me responde uma coisa, já to cansado de chamar você de arara, qual o seu nome? - Perguntou Kuaray.

-Bem, o meu nome é Guyra. - Respondeu ele.

-Guyra? Mas isso significa pássaro, não é um nome de verdade.

-É claro que é, na sociedade das araras Guyra significa liberdade.

-Ah, foi mal, então vou te chamar de Guyra a partir de agora.

-E o seu nome, eu sei que não é Curupira, e você tinha um nome, mas foi perdido com o tempo, e nem as araras mais velhas sabiam. - Perguntou Guyra.

-O meu nome, não precisa se preocupar com isso, pode me chamar de Curupira se quiser. - Disse Kuaray, tentando evitar lembrar do passado.

-E o que você vai fazer agora, vai descansar? - Perguntou Guyra.

Kuaray começa a refletir, e olha para as nuvens no céu.

-Quer saber, eu acho que não. - Disse ele se levantando.

-Aonde você vai?

-Fiquei muito tempo longe da floresta, preciso ver como ela está agora, parece até um lugar totalmente novo, preciso tirar o atraso de 500 anos. - Respondeu Kuaray.

E Kuaray corre pela floresta, como sempre correu, já fazia muito tempo que não se sentia bem dessa forma, com a presença dele a Amazônia e o Brasil nunca estiveram tão protegidos.

CAPITULO 8

Após tudo que aconteceu, o prefeito Carlos Bellucci foi investigado, e foi pedido a cassação de seu mandato como prefeito, após concluírem seu envolvimento no crime de desmatamento, tudo isso graças a divulgação de um vídeo filmado pela secretaria de Carlos da batalha contra Kuaray.

-Que porra é essa... - Disse um policial assistindo um video.

-Isso é real? - Perguntou outro.

Carlos negou todas as acusações descontrolado e enfurecido, num ataque de fúria ele acabou agredindo sua esposa, aumentando ainda mais a opinião pública contra ele, foi detido no dia seguinte no aeroporto, tentando fugir do Brasil.

-Você está preso, tudo que disser agora pode ser usado contra você no tribunal. - Disse o policial.

-CURUPIRA FILHA DA PUTA!!! EU VOU MATAR ESSE CARA!!! - Gritava Carlos enquanto era detido pela polícia.

A ativista indigena Milena se reúne com sua base de apoiadores, e faz um pronunciamento em uma live na internet.

-Eu nem sei por onde começar, gostaria de agradecer a todos que confiaram em mim, e sabiam que o prefeito Carlos Bellucci era corrupto, mas principalmente ao Curupira, que como diziam as lendas é um grande heroi que protege a amazônia. - Disse ela emocionada.

O vídeo da batalha de Kuaray vazou e foi divulgado nas redes, o Brasil e o mundo ficou sabendo da existência do Curupira, e mais indígenas e pessoas pela amazônia alegaram ver Kuaray vagando por lá, até conseguiram algumas fotos dele ajudando animais, ou correndo entre as árvores. Tudo isso repercutiu na internet, Curupira era real e estava andando entre nós.

-Vocês provocaram a mãe natureza, agora ele apareceu para se vingar, tomem cuidado!! - Disse um internauta.

-Quando ouvi falar da lenda do Curupira achei que fosse só uma historinha boba do folclore, mas caramba, o cara existe mesmo!

-Rapaziada, tem uma parada que não tá certa, não faz sentido ficar chamando esse cara de Curupira, os pés dele são normais.

Kuaray ficou muito famoso, até ganhou um apelido, começaram a chamá-lo de Pyra, por conta do fogo, e também pelo fato dele ser um adulto já que Curu significa criança. Ele ficou muito famoso, existem muitas pessoas curiosas sobre sua existência e se tornaram grandes admiradores, mas com isso existiram muitas controvérsias, discutindo se ele era perigoso, e o fato dele ter atacado uma pessoa muito influente acabou irritando sua base de apoiadores, assim Pyra começou a ser perseguido nas redes sociais, e também por alguns canais de Tv que falavam dele diariamente.

Em sua árvore Pyra descansava, e comia algumas frutas depois de um longo dia de trabalho

-Ei Pyra!! - Disse Guyra chegando até ele voando.

-Pyra? Que nome é esse? - Perguntou ele confuso.

-É assim que as pessoas estão te chamando agora, é que você já é adulto, Curupira é antiquado.

-Isso tudo é estranho, quer dizer que eu estou famoso agora? Devia ser mais discreto. - Disse Pyra preocupado.

-Não é estranho, você devia aproveitar, tem muitas pessoas te idolatrando agora.

-Me idolatrando? É claro que não, todo mundo acha que eu sou um monstro. - Disse Pyra.

-Isso não é verdade, algumas pessoas estão te admirando por você proteger a floresta, estão até te chamando de heroi. - Respondeu Guyra.

-Eu só acredito vendo, nunca recebi esse tipo de reação.

-Bem, mas também tem pessoas falando mal de você, dizendo ter medo do que você pode fazer, e que talvez você seja perigoso. - Disse Guyra.

-Eu sabia, acham que eu sou perigoso, quem é perigoso são eles, esses idiotas que machucaram a floresta, eu devia dar um tapa em quem tá dizendo isso. - Disse Pyra irritado.

-Fica calmo, às vezes eles só estão assustados.

-Eu sei, é que, eu ainda não me recuperei totalmente, só não entendo o porque eu sempre sou o demônio, mesmo depois de fazer o que é certo, mas tá tudo bem, vou seguir cumprindo meu dever e não tô nem aí para o que as pessoa pensam. - Disse Pyra determinado.

Muitas matérias sobre Pyra foram feitas na tv, era um incidente sem precedentes, um ser mágico do folclore brasileiro realmente existe e salvou a amazônia de um esquema sujo e criminoso, obviamente muitas das matérias eram sensacionalistas e tentavam colocar a opinião pública contra Pyra, o chamando de bandido ou vagabundo, pois eram financiados por aliados de Carlos.

Existia uma repórter, que era uma pessoa extremamente inconveniente, a repórter Daniele Figueira, ela não perdia uma e decidiu ir para amazônia entrevistar Pyra.

-Pronto, já estamos na Amazônia, agora só precisamos encontrar ele. - Disse ela com sua equipe.

-É mais, como a gente faz isso? - Perguntou o câmera.

-Segundo os relatos ele aparece sempre com o fogo, para a van, eu tive uma ideia. - Disse ela.

Então ela desce da van e joga fogo na floresta com um isqueiro.

-Curupira!! Curupira!! Aparece!! - Gritava ela.

-Será que isso vai funcionar? - Disse o Câmera.

Pyra aparece logo em seguida, e parecia estar de saco cheio.

-O que vocês querem, heim? - Disse ele.

-Curupira!! Eu gostaria de fazer um pedido a você.. - Disse Daniele.

-Espera, isso é mais uma daquelas maquinas, que otimo, vou destruir ela rapidinho!!! - Disse Pyra apontando suas mãos para van.

E ele destroi ela com uma rajada de fogo, com todos os equipamentos dentro, por sorte ninguém se feriu.

-NÃO!! COMO A GENTE VAI VOLTAR PARA CASA AGORA?!? - Perguntou o Câmera desesperado.

-O QUE ESTÁ ESPERANDO IDIOTA??? FILMA ISSO!!! - Gritou Daniele.

E ele aponta a câmera para Pyra, ele iria iniciar a gravação, mas Pyra achou que fosse uma arma, e a destruiu logo em seguida.

-Minha câmera... -  Disse ele triste.

-Agora não vão mais ferir ninguém, vão embora daqui o quanto antes, se não vou dar uma surra em vocês! - Disse Pyra. - Menos na garota é claro...

E ele sai andando, virando as costas para eles, enquanto toda a equipe fica em choque.

-Que droga, a cidade fica a umas duas horas dessa trilha. - Disse o técnico de som.

-É a gente não tem escolha, vamos indo! - Disse o Câmera.

Mas Daniele não desiste, e começa a seguir o mesmo caminho que Pyra.

-Ei Daniele, onde você está indo? - Perguntou o técnico de som.

-Podem ir sem mim, eu vou dar um jeito de conseguir minha entrevista! - Disse ela seguindo andando.

-Ai, tudo bem então, a gente vai ver se consegue um carro para te buscar.- Disse o Câmera.

Pyra chega em seu lugar de descanso, e se deita sobre a árvore próximo a Guyra.

-Eu to morrendo de sono hoje, nunca mais vou trabalhar durante a noite. - Disse ele.

-Pyra cuidado, tem alguém se aproximando! - Disse Guyra assustado.

-O que?

-Curupira!!! Curupira!!! - Gritava Daniele procurando Pyra.

-Ai não... - Disse Pyra.

-É uma mulher!! E.. Eu tenho que ir... - Disse Guyra assustado, voando para longe.

-Guyra, onde é que cê tá indo?

E Daniele acaba encontrando Pyra, sentando em seu tronco de árvore.

-Te achei, eu vim aqui te fazer um pedido, gostaria de conversar com você, você aceitaria me dar uma entrevista? - Perguntou Daniele.

-Ah... Tudo bem... - Disse Pyra, ao sentir que ela não tinha medo dele.

-Ótimo!! - Disse Daniele correndo até a árvore.

Ela escalou a árvore numa velocidade impressionante, deixando Pyra confuso, ela senta ao seu lado e liga o gravador do celular.

-Que caixinha é essa? - Perguntou Pyra.

-É meu celular, você nunca viu um?

-Não, e para que serve?

-Para muitas coisas, mas ele vai servir agora para registrar nossa conversa. - Disse Daniele, parando a gravação.

E depois ela dá play na gravação, mostrando para Pyra tudo que eles disseram anteriormente.

-Viu?

-Caramba, isso é demais, acho que nem todas as máquinas são para destruição afinal.

-Certo Curupira, vamos iniciar nossa entrevista, prefere que eu te chame de Curupira ou você tem outro nome? - Perguntou Daniele.

-Pode me chamar de Pyra, eu achei que todos começaram a me chamar assim, é que Curupira é antiquado.

-Tudo bem, vamos começar! - Disse ela ligando o gravador.

-Olá telespectadores da TV 57, Daniele Figueira para mais uma reportagem, hoje com a presença ilustre de Pyra, o famoso Curupira do folclore brasileiro, que está dando o que falar nas últimas semanas, Pyra, para começar gostaria de perguntar para você qual sua origem, de onde você veio? E você tem família?

-Bem, eu vim de uma tribo que ficava um pouco longe daqui, eu nunca tive família de sangue, minha mãe morreu no parto, eu fui criado pelo Tamõi da minha tribo. - Disse Pyra.

-Espera, então está dizendo que você era uma pessoa normal, então como você se tornou o Curupira?

-Quando me viram correndo pela floresta me deram esse apelido, eu era só uma criança, nessa época "Curupira" fazia sentido.

-Não é isso que quero saber, como foi que você ganhou seus poderes, como seu cabelo pega fogo e você parece não sentir ele queimar?

-Ah, me desculpa é que eu estou um pouco nervoso, quer saber como eu me tornei o portador do fogo, bem, antes a floresta já tinha uma protetora, era o espírito do fogo Boitatá, uma serpente gigante que assustava todos que queriam fazer mal a nossa floresta, um dia eu fugi da minha tribo, foi o dia mais difícil da minha vida, e Boitatá me encontrou na floresta, até hoje não sei o que ela queria comigo, mas as araras disseram que ela sacrificou a própria vida e passou toda a responsabilidade de sua existência para mim, assim eu me tornei o novo protetor da floresta.

-Nossa, você disse que tinha sido um dia difícil para você, o que aconteceu naquele dia?

-Foi terrível, eu me lembro de sair para caçar com os outros garotos, e deu tudo errado, caçamos um porco mas ele estava podre, e todos me culparam, desde que eu nasci achavam que eu era amaldiçoado, eu nunca foi aceito naquele lugar, só estavam esperando uma desculpa para me tirarem de lá, mas eu ainda sinto falta de viver com a tribo, meus passatempos, e sinto muita saudade de Tamõi, mas depois que voltei com os cabelos em chamas eles não entenderam, e me chamaram de demônio, e até Tamõi sentiu medo de mim, como todas as pessoas que me veem até hoje...

-Eu sinto muito, a lenda do Curupira é muito antiga, existem registros desde o século XVI, você tá vivo desde essa época?

-Sim, só que mais ou menos, porque um dia eu fui enganado por um cachorro do mato, achei que ele precisava de ajuda, mas ele acabou me aprisionando, e adormeci por quase 500 anos, foi um choque para mim ver como tudo mudou desde que parti, onde havia floresta agora são cidades, existem máquinas mais potentes do que antigamente, mas uma coisa não mudou, as pessoas continuam ameaçando a floresta, e continuam tendo medo de mim, isso me deixa triste...

-Olha, não precisa ficar assim, tem muita gente que não gosta de você, mas você também tem muitos admiradores, e pela conversa que tivemos você me parece uma boa pessoa.

-Valeu, a muito tempo que não tenho uma conversa com alguém.

-Aqui eu encerro nossa entrevista.

E Daniele desliga o celular, e desce da árvore.

-Pyra, o que você quer fazer agora? - Perguntou ela.

-Eu acho que vou voltar para casa, apesar que provavelmente ela nem existe mais.

-Acho que deveria ir, muito obrigada pela entrevista, droga, eu esqueci de fazer uma pergunta.

-O que?

-Na lenda do Curupira dizem que seus pés são ao contrário, mas eles são normais.

-HAHAHAHA!!! - Pyra deu risada.

-O que foi?

-É que isso foi uma piada que eu contei para um caçador indigena a muito tempo atrás, não sabia que ele tinha levado a sério, é que ninguém conseguia me pegar na corrida.

-HAHAHA!! Tudo bem, tchau Pyra. - Disse Daniele.

E ela vai embora seguindo a trilha que deixou, logo em seguida Guyra volta até lá voando.

-Guyra, onde é que você tava? - Perguntou Pyra.

-Eu me escondi, é que eu fico com vergonha na presença de humanos, sou tímido...

-Entendi, Guyra eu preciso visitar um lugar, pode vir comigo se quiser.

-Onde você vai?

-Eu vou visitar minha antiga tribo, ou onde pelo menos ela ficava.

-Não Pyra, vou ficar aqui descansando, acho que você tem que fazer isso sozinho.

-Entendo amigo, eu vou indo! - Disse Pyra.

-Boa sorte!

E então ele corre pela amazônia, e faz o mesmo caminho que correu quando era criança, durante a corrida ele tem lembranças terríveis de seu passado e de ser desprezado pela sua própria tribo, mas mesmo assim continua correndo até chegar na pequena cidade de Novo Campo no Mato Grosso do Sul, onde era sua antiga aldeia.

-É aqui...

Tinham muitos cartazes de Carlos mas todos vandalizados e pichados, apesar das riquezas de Carlos a cidade era bem pobre e humilde, pois ele não investia na própria cidade, e pegava o dinheiro todo para ele.

Pyra fica triste, tendo lembranças de sua infância com Tamõi e seus passatempos na tribo, até que umas crianças percebem ele parado no canto.

-PESSOAL OLHA!!! É O CURUPIRA DA TV!!! - Gritou uma das crianças.

-Não é Curupira idiota, é Pyra!! - Disse outra.

-Vamo lá falar com ele!!

E os três garotos chegam até Pyra para conversar, eles não estavam com medo, e sim felizes.

-Ah, oi... - Disse Pyra assustado.

-Pyra a gente é muito seu fã.

-É sério?

-Sim, e o seu cabelo, é de fogo de verdade?

-Sim ele é.

-Posso por a mão.

-É melhor não garotinho.

-Você é forte?

-Sim, eu sou bem forte!

O olhar alegre das crianças conforta o coração de Pyra, ele respondia todas as perguntas alegre e sorrindo, como se voltasse a ser criança.

-Bom crianças o tio Pyra vai ter que ir embora.

-Ah não, fica mais um pouquinho, a minha mãe vai fazer bolo hoje.

-Não, é que eu tenho compromisso, até mais garotos, e obedeçam os pais de vocês! - Disse Pyra se despedindo.

E ao invés de correr, ele usa seus poderes de fogo para voar para o céu, igual a um foguete, era a coisa mais incrível que aquelas crianças já viram, e Pyra vai embora indo para casa, feliz por finalmente saber que nem todas as pessoas tem medo dele, era mais um motivo para continuar protegendo elas, e a floresta.

Fim...

Personagens

---Pyra---

Kuaray Mimbi, era um jovem indígena que nasceu predestinado a um destino terrível, mas foi salvo pela serpente do fogo Boitatá que lhe concedeu a dádiva de ser seu hospedeiro, assim se tornou o portador do fogo, e foi conhecido popularmente como Curupira no folclore brasileiro. Mas um dia ele foi enganado pelo deus da morte, e dormiu por quase 500 anos, tendo um choque de realidade ao ver a sociedade muito diferente do que tinha acostumado, mas uma coisa não mudou pois a amazônia ainda continuava ameaçada, então ele continua seu trabalho.

---Tamõi---

Tamõi foi a única figura paterna de Kuaray, ele o criou e ensinou muitas coisas, sempre foi paciente e tentava entender as diferenças das pessoas, mas quando Kuaray apareceu como o portador do fogo ele não compreendeu e sentiu medo, afastando o garoto para todo o sempre.

---Arami---

Arami era a mãe de Kuaray, sua família sofria com um enorme fardo, pois as almas de todos foram oferecidas ao deus da morte, em troca de poder e influência, um acordo feito pelo patriarca da família, com isso Kuaray iria morrer e a morte levaria sua alma, mas no meio de seu parto Arami ofereceu sua alma em troca de seu filho, o salvando de Anhangá o deus da morte.

---Boitatá, a serpente do fogo---

Não era só uma serpente mítica de fogo, Boitatá era o próprio fogo da existência, como se fosse a personificação desse elemento e todo o conceito, um ser tão essencial que jamais poderia deixar de existir, mas Boitatá era infeliz, e decidiu abandonar a existência passando a tocha do portador do fogo para Pyra.

---Arara Verde & Arara Azul---

A arara verde junto da Azul foram os primeiros animais aliados de Kuaray, eles o ajudavam a dizer o que estava acontecendo na floresta em todos os cantos, e pelo fato de Kuaray poder falar com os animais, eles foram uma companhia necessária para ele.

---Cachorro do mato, Anhangá---

Anhangá é o deus da morte na mitologia Guarani, um tirano ambicioso, além de poder matar qualquer pessoa com seus poderes, também pode assumir a forma de animais, como assumiu a forma de um cachorro do mato, que tentou matar Kuaray para consumir sua alma.

---Gangue do desmatamento---


A gangue do desmatamento são um bando de bandidos que trabalham no contra-bando ilegal de madeira na amazonia, todos obedecem a Carlos Bellucci que é o líder desse esquema, uma particularidade da gangue é que toda vez que desmatavam a floresta eles jogavam fogo nela, para desviar o foco da imprensa sobre o que realmente estava acontecendo, e eles usavam maquinas enormes e tecnológicas para cortar as arvores, instrumentos da destruição.

---Carlos Bellucci---

Carlos Bellucci é o vilão principal dessa historia, ele é um prefeito muito influente, da pequena cidade Novo Campo do Mato Grosso do Sul, e também é o líder do esquema ilegal de exportação de madeira da amazonia para o exterior, onde somente ele lucrava com isso, e propagava o desmatamento.

---Guyra---

Guyra é uma arara vermelha que se torna um aliado de Pyra agora no presente, durante gerações as histórias de Pyra foi contada entre as araras e os animais, por isso Guyra admira muito ele, e como Pyra dormiu por quase 500 anos ele não tinha mais os mesmos amigos, então precisava de alguém para fazer companhia a ele, além de ajudá-lo a proteger a floresta.

---Daniele Ferreira---

Daniele Ferreira é uma repórter sensacionalista, que não iria descansar até conseguir uma entrevista com Pyra, após confrontar Carlos os vídeos de Pyra caíram nas redes sociais e ele ficou famoso, Daniele e sua emissora foram os primeiros a publicar uma entrevista com Pyra, onde ele se abriu e contou sua origem, ganhando apoiadores e também mais gente odiando ele.

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